No início dos anos oitenta, na Universidade de
Harvard, Estados Unidos, Howard Gardner , formado no campo da psicologia e da neurologia, cientista, causou forte
impacto na área educacional com sua teoria das inteligências múltiplas. Até
essa data o padrão mais aceito para a avaliação de inteligência eram os
testes de QI, criados nos primeiros anos do século 20 pelo psicólogo francês
Alfred Binet (1857-1911) a pedido do ministro da Educação de seu país. O QI
(quociente de inteligência) media, basicamente, a capacidade de dominar o
raciocínio que hoje se conhece como lógico-matemático, mas durante muito tempo
foi tomado como padrão para aferir se as crianças correspondiam ao desempenho
escolar esperado para a idade delas.
Na elaboração de sua teoria, ele partiu da observação
do trabalho dos gênios.Ficou claro que a manifestação da genialidade humana é
bem mais específica que generalista, uma vez que bem poucos gênios o são em
todas as áreas. Gardner foi buscar evidências também no estudo de pessoas
com lesões e disfunções cerebrais, e no mapeamento encefálico
mediante técnicas surgidas nas décadas recentes.
A primeira implicação da teoria das múltiplas
inteligências é que existem talentos diferenciados para atividades específicas.O
que leva as pessoas a desenvolver capacidades inatas são a educação que recebem
e as oportunidades que encontram. Para Gardner, cada indivíduo nasce com um
vasto potencial de talentos ainda não moldado pela cultura, o que só começa a
ocorrer por volta dos 5 anos. Segundo ele, a educação costuma errar ao não
levar em conta os vários potenciais de cada um. Além disso, é comum que essas
aptidões sejam sufocadas pelo hábito nivelador de grande parte das escolas.
Preservá-las já seria um grande serviço ao aluno.
Os anos 1990 ficaram conhecidos como a década do
cérebro graças aos novos procedimentos de visualização do interior do corpo
humano e, principalmente, ao grande número de estudos desafiadores sobre o
assunto. "A teoria das inteligências múltiplas não poderia ter ganho as
mesmas diversidade e dimensão sem as admiráveis conquistas das ciências da
cognição nesse período", diz Celso Antunes. Alguns dos cientistas que mais
contribuições trouxeram à área foram António Damasio, Oliver Sacks, Joseph
LeDoux e Steven Pinker. Entre as descobertas recentes que contrariam crenças
antigas estão a de que o cérebro mantém o potencial de evolução durante toda a
vida e que funções de regiões lesionadas podem ser assumidas por outras, se
estimuladas. Apesar dos avanços, a mente humana continua a ser um vasto
território a explorar. A intensificação das pesquisas faz prever muitas
novidades para os próximos anos.
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